sexta-feira, 28 de março de 2014

Elementos Simbólicos

1. O Ramalhete


  • Na opinião de Vilaça, as paredes do Ramalhete sempre foram fatais aos Maias.



  • Está ligado à decadência nacional. Aliás, o ramo de girassóis aponta para uma atitude contemplativa de submissão, associada à incapacidade de ultrapassar esse estado rebaixado. Isto reflete não só a presença avassaladora da paixão na família Maia, mas também o estado do próprio país.



  • O jardim do Ramalhete também é rico em simbolismo. Sobressaem três símbolos: o cipreste, o cedro e a Vénus Citereia.



  • O cipreste e o cedro, unidos de forma incorruptível pelas suas raízes que a tudo resistem, simbolizam o Amor Absoluto.



  • A estátua da Vénus Citereia liga-se à sedução e à volúpia da deusa do amor. Passa por três fases: na altura da morte de Pedro, enegrecia a um canto; após a remodelação do Ramalhete, reapareceu em todo o seu esplendor, como símbolo de vida feliz, não deixando, no entanto, de estar ligada à desgraça futura, enquanto símbolo feminino desestabilizador; na terceira e última fase, aparece coberta de ferrugem verde e humidade, assumindo uma simbologia negativa de destruição.



  • Importa referir também a cascata: a água é símbolo de regeneração e purificação, e o seu fluir representa a passagem inexorável do tempo, associada à ideia de Destino.


O Ramalhete – 10 anos depois


  • Passados dez anos, a casa é um espaço frio, decadente, “amortalhado” sob lençóis, uma vez que Carlos levou para Paris parte do recheio do Ramalhete.



  • No jardim, a Vénus enferrujada e a cascata sem água sublinham a decadência.
  • O Ramalhete acompanha e simboliza a glória e a decadência dos Maias. 



2. A Toca (casa de Maria Eduarda nos Olivais)



  • Uma toca é um covil de um animal, é onde este se esconde das ameaças exteriores. Assim, o nome da casa aponta para uma amor marginal, que se torna animalesco por ser incestuoso, desafiando as leis humanas, primeiro de forma inconsciente, depois bestialmente consumado.



  • Na Toca multiplicam-se os elementos trágicos, sobretudo no quarto de Maria Eduarda: a tapeçaria com os amores de Vénus e Marte; a pintura da cabeça degolada; a coruja empalhada.


3. Santa Olávia (o solar da família Maia, em Resende, na margem esquerda do Douro)


  • Simboliza a vida e a regeneração dos dois varões da família.



  •  É um espaço natural, conotado positivamente.



  • Opõe-se ao espaço citadino degradado – Lisboa – local da degeneração da família.


4. Sintra


  •  É um local idílico e representa a beleza paradisíaca.



  • O seu aspeto edénico, será, no entanto, corrompido pela intrusão dos vícios decadentes, representados pelas figuras de Eusebiozinho e Palma Cavalão, acompanhados de prostitutas espanholas.



  • Também Dâmaso Salcede transporta o seu “chique a valer” para Sintra, tornando este Éden natural uma continuação do espaço lisboeta.


5. Lisboa



  • Representa Portugal inteiro: “O país está todo entre a Arcada e S. Bento!” (cap. VI).



  • Símbolo da decadência nacional, Lisboa é caracterizada pela degradação moral e pela ociosidade crónica.



  • No último capítulo da obra, destaca-se a estátua de Camões, que assiste impotente à decadência do país.



  • O país, estagnado e politicamente amorfo, é incapaz de se regenerar, rendendo-se à mediocridade intelectual e à adoção de modas estrangeiras, renunciando a qualquer sentido de identidade própria.



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