sexta-feira, 28 de março de 2014

Episódio do Jantar no Hotel Central

  Este episódio surge no capítulo VI do romance e integra a chamada crónica de costumes. Estamos perante um acontecimento eminentemente mundano, integrado na crónica de costumes (recordar o subtítulo «Episódios da Vida Romântica»), cujo objectivo central é homenagear o banqueiro Cohen, de cuja mulher Ega (o promotor da homenagem) é amante.


Objetivos

  • Homenagear o banqueiro Jacob Cohen, uma iniciativa de João da Ega («... o Ega, alargando pouco a pouco a ideia, convertera-o agora numa festa de cerimónia em honra do Cohen...»).
  • Retratar a sociedade lisboeta.
  • Proporcionar a Carlos da Maia o primeiro contacto com o meio social lisboeta.
  • Apresentar a visão crítica de alguns problemas.
  • A nível da ação central: proporcionar a Carlos o primeiro encontro com Maria Eduarda.

Intervenientes
  • João da Ega : Promotor do jantar, uma homenagem ao banqueiro Jacob Cohen, marido da «divina Raquel», com quem mantém uma relação adúltera, João da Ega defende o Realismo / Naturalismo.
  •  Jacob Cohen : É o homenageado durante o jantar, o marido da «divina Raquel», diretor do Banco Nacional, por isso o representante das Finanças na obra.
  • Tomás de Alencar : Representante do Ultrarromantismo, é confrontado com os princípios naturalistas / realistas defendidos por Ega.
  • Dâmaso Salcede : É o tipo do novo rico burguês e a súmula dos defeitos da sociedade: provincianismo, vaidade, futilidade e oportunismo (repare-se como louva Carlos da Maia com o intuito de assumir uma posição mais preponderante na sociedade.
  • Carlos da Maia : O episódio proporciona-lhe o primeiro contacto com a sociedade, mantendo, durante o evento, uma posição relativamente discreta.
  • Craft : Representante da cultura artística e britânica, Craft tem uma participação pouco relevante neste episódio.
Temas discutidos durante o jantar :

  • Literatura;
  • Finanças;
  •  A história política
Fim do jantar - resolução da disputa

  • Ega e Alencar insultam-se mutuamente;
  • fazem uso de uma linguagem escabrosa e ofensiva;
  • envolvem-se numa zaragata que quase termina numa sessão de pugilato;
  • acabam por fazer as «pazes à portuguesa»: reconciliação e mostras de arrependimento, com abraços e protestos de amizade;
  • ou seja, esgotados os argumentos, passa-se à pessoalização das questões (= Questão Coimbrã, após as primeiras intervenções críticas; o desafio para um duelo entre Antero de Quental e Ramalho Ortigão).

Conclusões - o modo de ser português


     1. A falta de personalidade:
  • Alencar muda de opinião quando Cohen assim o pretende;
  • Ega muda também de opinião quando Cohen o pretende;
  • Dâmaso, cuja divisa é «Sou forte», aponta o caminho covarde da fuga.
     2. A disputa Ultrarromantismo / Naturalismo, reflexo da Questão Coimbrã.

     3. A falta de coragem / a covardia domina a sociedade, «... desde el-rei nosso senhor até aos cretinos de secretaria!...».

     4. A falta de cultura e civismo domina as classes mais destacadas, com exceção de Carlos e de Craft.

     5. O exército:

  • em caso de invasão, teriam de se alugar os generais para defesa da pátria;
  • a falta de disciplina dos soldados, não obstante serem «teso(s)»;
  • a fraqueza física e moral («Um regimento, depois de dois dias de marcha, dava entrada em massa no hospital!»; o episódio do marujo sueco).


http://www.youtube.com/watch?v=MtpMSDxgZYY

Cesário Verde

  Vida breve teve Cesário Verde. Nasceu em Lisboa em 25 de Fevereiro de 1855, morreu em Lisboa a 19 de Julho de 1886. Tinha 31 anos, idade absurda para morrer com uma tuberculose, dia 19 de Julho de 1886.

   Considerado um grandioso poeta português, matriculou-se no curso de Letras da Universidade de Lisboa, mas acabou por desistis, optando por trabalhar para a loja de ferragens que seu pai tinha na Rua dos Bacalhoeiros.     
  
   No entanto, deixou-se levar pela sua paixão à poesia e continuou a escrever poemas, tais como: "Num Bairro Moderno" (1877), "Em Petiz" (1878), "O Sentimento dum Ocidental" (1880), publicado no Diário de Notícias, no Diário da Tarde, no Ocidente, entre outros. 

A sua obra incide sobre a dicotomia campo / cidade, pois faz várias alusões às condições de vida do povo, dos burgueses, dos "bons trabalhadores. Remete-nos ainda para a vida no campo, a beleza da natureza e a beleza da mulher que é bastante realçada ao logo da sua obra.

O sarau da trindade

Objectivos deste episódio : 

  • Ajudar as vítimas das inundações do Ribatejo;
  • Apresentar um tema querido da sociedade lisboeta: a oratória;
  • Criticar o Ultrarromantismo que encharcava o público;
  • Reunir novamente as várias camadas das classes mais destacadas, incluindo a família real;
  • Proporcionar um contraste entre um clima de festa e um clima de tragédia.

Ambiente

Espaço físico: Teatro da Trindade.

Espaço social: alta sociedade lisboeta analisada através de tipos sociais.

Caracterização da sociedade: inculta, estática e superficial, deformada pelos excessos e lugares comuns do Ultrarromantismo.


Oradores

Rufino:  

  • "vozeirão túmido, garganteado, provinciano, de vogais arrastadas em canto" - tom altissonante;
  • temas da sua alocução: a caridade, o progresso, a fé, Deus, a sua aldeia, a imagem do "Anjo da Esmola";
  • revela falta de originalidade:


- recorre a lugares comuns e a imagens de origem duvidosa (a imagem do «Anjo da Esmola», que estendera as suas asas benfazejas sibre os deserdados das inundações destruidoras das belas aldeias onde antes o rouxinol trinava);

 - faz uso de chavões retóricos e lirismos banais em torno da caridade e da fé;
a sua retórica é oca e balofa;

é adulador (volta-se constantemente para a zona das cadeiras reais, considera que a salvação reside no trono de Portugal: "... vir aquele pulha pôr-se ali a lamber os pés à família real...");

    Alencar : poeta ultrarromântico

  • esguio, sombrio e pensativo;
  • olhar encovado e lento;
  • melancólico, solene e pomposo;
  • tema proposto: a democracia (romântica);

utiliza os habituais bordões / chavões líricos ultrarromânticos: o luar, os vastos arvoredos, o amor, os segredos;
sustenta um excessivo lirismo carregado de conotações sociais:
- "... a severa ideia social da Poesia...";
- "... uma mulher macilentae, farrapos, chora, aconchegando ao seio magro o filho que pede pão...";
- "... estes humanitarismos poéticos.";
- "... daquele lirismo humanitário e sonoro.";
o seu discurso está desfasado da realidade: "A sala permanecia muda e desconfiada.";
ataca frontalmente.






Imprensa

Episódio da "Corneta do Diabo" e d' "A Tarde
Assunto:

Este episódio localiza-se no capítulo XV da obra, sendo que em relação à estrutura interna este episódio está no meio do desenvolvimento, numa altura em que Carlos vive calmamente o seu amor depois de ter instalado Maria Eduarda n’ "A Toca".
No jornal A Corneta do Diabo havia sido publicada uma carta escrita por Dâmaso Salcede que insultava Carlos e expunha, em termos degradantes, a sua relação com Maria Eduarda.
Palma Cavalão revela o nome do autor da carta e mostra aos dois amigos o original, escrito pela letra de Dâmaso Salcede, a troco de "cem mil réis".
A parcialidade do jornalismo da época surge quando Neves, director do jornal "A Tarde", aceita publicar a carta na qual Dâmaso se retracta, depois da sua recusa inicial por confundir Dâmaso Salcede com o seu amigo político Dâmaso Guedes.
A mesma parcialidade surge na redacção de uma notícia sobre o livro do poeta Craveiro, por pertencer "cá ao partido" e mais ainda quando Gonçalo, um dos redactores insulta o Conde de Gouvarinho, mas logo depois diz que “É necessário, homem! Razões de disciplina e de solidariedade partidária”.

Personagens intervenientes:

  • Palma Cavalão;
  • Neves;
  • Dâmaso Salcede;
  • Cruges;
  • Carlos;
  • Ega;


Critica:

O episódio dos jornais critica a decadência do jornalismo português que se deixa corromper, motivado por interesses económicos (A Corneta do Diabo) e demonstram uma preferência comprometedora de feições políticas.
Este episódio visa denunciar o baixo nível da imprensa lisboeta da época que se alimenta de factos da vida privada das pessoas, criticando a falta de ética dos jornalistas juntamente com a corrupção envolvida, sendo que se verifica ainda a vingança mesquinha e as amizades simuladas através das atitudes de Dâmaso e de Eusébio.

Corrida de Cavalos

https://www.youtube.com/watch?v=BDauv-eHY50

Educação dos Maias

No romance Os Maias, Eça de Queirós, no propósito de elaborar um retrato da sociedade, que se percebe no subtítulo Episódios da Vida Romântica, e dentro do espírito naturalista, procura encontrar razões para a crise social, política e cultural a partir da formação do indivíduo. Fator de humanização, de socialização e de autonomia, a educação produz ou reproduz modelos sociais e políticos que propõem um sistema de valores e princípios que são a base de uma sociedade.
O tema da educação é frequentemente tratado por Eça de Queirós e surge nos Maias como um dos principais fatores comportamentais e da mentalidade do Portugal romântico por oposição ao Portugal novo, voltado para o futuro. Não só deparamos com dois sistemas educativos opostos, como é frequente ver as conceções de educação afloradas ao longo da obra através de opiniões das personagens ou das mentalidades e cultura que revelam. 
Pedro da Maia e Eusebiozinho protagonizam a educação tradicionalista e conservadora, enquanto Carlos recebe a educação inglesa. A incapacidade para enfrentar as contrariedades ou a capacidade para se tornar interveniente na sociedade são as consequências imediatas dos processos educativos opostos.


  • A educação tradicionalista e conservadora caracteriza-se pelo recurso à memorização; ao primado da cartilha apenas com os saberes e os valores aí insertos; à "moral do catecismo" e da devoção religiosa com a conceção punitiva do pecado; ao estudo do latim como língua morta; à fuga ao ar livre e ao receio do contacto com a Natureza

  • A educação inglesa caracteriza-se pelo desenvolvimento da inteligência graças ao conhecimento experimental; pelo desprezo da cartilha, embora com a defesa do "amor da virtude" e "da honra" como convém a "um cavalheiro" e a "um homem de bem"; pela ginástica e pela vida ao ar livre; pelo contacto direto com a Natureza, pelo gosto das línguas vivas.

  • A educação tradicionalista e conservadora desvalorizou a criatividade e o juízo crítico, deformou a vontade própria, arrastou os indivíduos para a decadência física e moral. Em Pedro da Maia, por exemplo, levou-o a uma devoção histérica pela mãe e tornou-o incapaz de encontrar uma solução para a sua vida, quando Maria Monforte o abandonou; em relação à personagem Eusebiozinho, tornou-o "molengão e tristonho", arrastou-o para uma vida de corrupção, para um casamento infeliz e para a debilidade física. 


  • A educação inglesa procurou "criar a saúde, a força e os seus hábitos", fortalecendo o corpo e o espírito. Graças a ela, Carlos da Maia adquiriu valores do trabalho e do conhecimento experimental que o levaram a abraçar um curso de medicina e a projetos de investigação, de empenhamento na vida literária, cultural e cívica.

Linguagem

https://www.youtube.com/watch?v=Fu7nTvrkc8M


A prosa portuguesa tem uma história com etapas bem marcadas. António Vieira lançou as suas traves mestras, Herculano e Camilo enriqueceram-na, Garrett e Eça modernizaram-na. A prosa de Eça reflecte a sua maneira de pensar e torna-se um instrumento dúctil e subtil para exprimir o seu modo pessoal de ver o mundo e a vida. Ele próprio considerava a literatura como a arte de pintar a realidade, mas "levemente esbatida na névoa dourada e trémula da fantasia, satisfazendo a necessidade de idealismo que todos temos nativamente e ao mesmo tempo a seca curiosidade do real, que nos deram as nossas educações positivas..." (Eça de Queirós, Notas Contemporâneas).
Eça não teve a frondosa riqueza vocabular de um Camilo, mas soube explorar, a partir de um vocabulário simples, a força evocativa das palavras por meio das mais variadas relações combinatórias e sentidos conotativos. O estilo de Eça é magistralmente estudado por Ernesto Guerra na sua obra Linguagem e Estilo de Eça de Queirós. Vejamos, então alguns dos processos pelos quais Eça conseguiu essa força evocativa, esse verdadeiro magnetismo das palavras.

Elementos Simbólicos

1. O Ramalhete


  • Na opinião de Vilaça, as paredes do Ramalhete sempre foram fatais aos Maias.



  • Está ligado à decadência nacional. Aliás, o ramo de girassóis aponta para uma atitude contemplativa de submissão, associada à incapacidade de ultrapassar esse estado rebaixado. Isto reflete não só a presença avassaladora da paixão na família Maia, mas também o estado do próprio país.



  • O jardim do Ramalhete também é rico em simbolismo. Sobressaem três símbolos: o cipreste, o cedro e a Vénus Citereia.



  • O cipreste e o cedro, unidos de forma incorruptível pelas suas raízes que a tudo resistem, simbolizam o Amor Absoluto.



  • A estátua da Vénus Citereia liga-se à sedução e à volúpia da deusa do amor. Passa por três fases: na altura da morte de Pedro, enegrecia a um canto; após a remodelação do Ramalhete, reapareceu em todo o seu esplendor, como símbolo de vida feliz, não deixando, no entanto, de estar ligada à desgraça futura, enquanto símbolo feminino desestabilizador; na terceira e última fase, aparece coberta de ferrugem verde e humidade, assumindo uma simbologia negativa de destruição.



  • Importa referir também a cascata: a água é símbolo de regeneração e purificação, e o seu fluir representa a passagem inexorável do tempo, associada à ideia de Destino.


O Ramalhete – 10 anos depois


  • Passados dez anos, a casa é um espaço frio, decadente, “amortalhado” sob lençóis, uma vez que Carlos levou para Paris parte do recheio do Ramalhete.



  • No jardim, a Vénus enferrujada e a cascata sem água sublinham a decadência.
  • O Ramalhete acompanha e simboliza a glória e a decadência dos Maias. 



2. A Toca (casa de Maria Eduarda nos Olivais)



  • Uma toca é um covil de um animal, é onde este se esconde das ameaças exteriores. Assim, o nome da casa aponta para uma amor marginal, que se torna animalesco por ser incestuoso, desafiando as leis humanas, primeiro de forma inconsciente, depois bestialmente consumado.



  • Na Toca multiplicam-se os elementos trágicos, sobretudo no quarto de Maria Eduarda: a tapeçaria com os amores de Vénus e Marte; a pintura da cabeça degolada; a coruja empalhada.


3. Santa Olávia (o solar da família Maia, em Resende, na margem esquerda do Douro)


  • Simboliza a vida e a regeneração dos dois varões da família.



  •  É um espaço natural, conotado positivamente.



  • Opõe-se ao espaço citadino degradado – Lisboa – local da degeneração da família.


4. Sintra


  •  É um local idílico e representa a beleza paradisíaca.



  • O seu aspeto edénico, será, no entanto, corrompido pela intrusão dos vícios decadentes, representados pelas figuras de Eusebiozinho e Palma Cavalão, acompanhados de prostitutas espanholas.



  • Também Dâmaso Salcede transporta o seu “chique a valer” para Sintra, tornando este Éden natural uma continuação do espaço lisboeta.


5. Lisboa



  • Representa Portugal inteiro: “O país está todo entre a Arcada e S. Bento!” (cap. VI).



  • Símbolo da decadência nacional, Lisboa é caracterizada pela degradação moral e pela ociosidade crónica.



  • No último capítulo da obra, destaca-se a estátua de Camões, que assiste impotente à decadência do país.



  • O país, estagnado e politicamente amorfo, é incapaz de se regenerar, rendendo-se à mediocridade intelectual e à adoção de modas estrangeiras, renunciando a qualquer sentido de identidade própria.



Narrador

Aqui ficam algumas ideias sobre o narrador:



  • O narrador é heterodiegético, ou seja, não é uma personagem da história.



  • Assume, geralmente, uma atitude de observador.



  • Marcas linguísticas: verbos na 3ª pessoa; pronomes e determinantes na 3ª pessoa; discurso indireto livre (nesta obra).



  •  O narrador omnisciente sabe tudo sobre as personagens: o seu passado, presente e futuro, bem como os seus sentimentos e desejos mais íntimos. É como um deus que tudo viu e tudo sabe. Verificamos que o narrador do romance conhece todo o passado dos Maias, sabendo mais sobre eles do que as próprias personagens. Isto permite-lhe arquitetar o romance, jogando com várias técnicas narrativas ao nível do tempo do discurso (por exemplo, a analepse).


Tempo

Por tempo do discurso entende-se aquele que se detecta no próprio texto organizado pelo narrador, ordenado ou alterado logicamente, alargado ou resumido.
Na obra, o discurso inicia-se no Outono de 1875, data em que Carlos, concluída a sua viagem de um ano pela Europa, após a formatura, veio, com o avô, instalar-se definitivamente em Lisboa.
Pelo processo de analepse, o narrador vai, até parte do capítulo IV, referir-se aos antepassados do protagonista (juventude e exílio de Afonso da Maia (avô), educação, casamento e suicídio de Pedro (pai), e à educação de Carlos da Maia e sua formatura em Coimbra) para recuperar o presente da história que havia referido nas primeiras linhas do livro. Esta primeira parte pode considerar-se uma novela introdutória que dura quase 60 anos. Esta analepse ocupa apenas 90 páginas, apresentadas por meio de resumos e elipses.
Assim, como vemos, o tempo histórico é muito mais longo do que o tempo do discurso.
Do Outono de 1875 a Janeiro de 1877 - data em que Carlos abandona o Ramalhete - existe uma tentativa para que o tempo histórico (pouco mais de um ano da vida de Carlos) seja idêntico ao tempo do discurso - cerca de 600 páginas - para tal Eça serve-se muitas vezes da cena dialogada.
O último capítulo é uma elipse (salto no tempo) onde, passados 10 anos, Ega se encontra com Carlos em Lisboa.

Espaço

Nesta obra, as características do espaço físico são muito importantes uma vez que nos levam a concluir o modo de vida e as características das próprias personagens.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Caracterização das personagens

Afonso da Maia 
 


  • Caracterização Física:
Afonso era baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes. A sua cara larga, o nariz bicudo e a pele corada. O cabelo era branco, muito curto e a barba branca e comprida. Como dizia Carlos: "lembrava um varão esforçado das idas heróicas, um D. Duarte Meneses ou um Afonso de Albuquerque".


  • Caracterização Psicológica
Provavelmente o personagem mais simpático do romance e aquele que o autor mais valorizou. Não se lhe conhecem defeitos. É um homem de carácter culto e requintado nos gostos. Enquanto jovem adere aos ideais do Liberalismo e é obrigado, pelo seu pai, a sair de casa; instala-se em Inglaterra mas, falecido o pai, regressa a Lisboa para casar com Maria Eduarda Runa. Dedica a sua vida ao neto Carlos. Já velho passa o tempo em conversas com os amigos, lendo com o seu gato – Reverendo Bonifácio – aos pés, opinando sobre a necessidade de renovação do país. É generoso para com os amigos e os necessitados. Ama a natureza e o que é pobre e fraco. Tem altos e firmes princípios morais. Morre de uma apoplexia, quando descobre os amores incestuosos dos seus netos. É o símbolo do velho Portugal que contrasta com o novo Portugal – o da Regeneração – cheio de defeitos. É os sonho de um Portugal impossível por falta de homens capazes.


Pedro Maia 

  • Caracterização Física
Era pequenino, face oval de "um trigueiro cálido", olhos belos – "assemelhavam-no a um belo árabe". Valentia física.

  • Caracterização Psicológica

Pedro da Maia apresentava um temperamento nervoso, fraco e de grande instabilidade emocional. Tinha assiduamente crises de "melancolia negra que o traziam dias e dias, murcho, amarelo, com as olheiras fundas e já velho".
O autor dá grande importância à vinculação desta personagem ao ramo familiar dos Runa e à sua semelhança psicológica com estes.
Pedro é vítima do meio baixo lisboeta e de uma educação retrograda. O seu único sentimento vivo e intenso fora a paixão pela mãe.
Apesar da robustez física é de uma enorme cobardia moral (como demonstra a reacção do suicídio face à fuga da mulher). Falha no casamento e falha como homem


Carlos da Maia 


  • Caracterização Física

Carlos era um belo e magnífico rapaz. Era alto, bem constituído, de ombros largos, olhos negros, pele branca, cabelos negros e ondulados. Tinha barba fina, castanha escura, pequena e aguçada no queixo. O bigode era arqueado aos cantos da boca. Com diz Eça, ele tinha uma fisionomia de "belo cavaleiro da Renascença".



  • Caracterização Psicológica

Carlos era culto, bem educado, de gostos requintados. Ao contrário do seu pai, é fruto de uma educação à Inglesa. É corajoso e frontal. Amigo do seu amigo e generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o gosto pelo luxo, e diletantismo (incapacidade de se fixar num projecto sério).


Todavia, apesar da educação, Carlos fracassou. Não foi devido a esta mas falhou, em parte, por causa do meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos e também devido a aspectos hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai, o egoísmo, o futilidade e o espírito boémio da mãe. Eça quis personificar em Carlos a idade da sua juventude, a que fez a questão Coimbrã e as Conferências do Casino e que acabou no grupo dos Vencidos da Vida, de que Carlos é um bom exemplo.





Maria Eduarda


Maria Eduarda era uma bela mulher: alta, loira, bem feita, sensual mas delicada, "com um passo soberano de deusa".







Maria Monforte


  • Caracterização Física



É extremamente bela e sensual. Tinha os cabelos loiros, "a testa curta e clássica, o colo ebúrneo".




  • Caracterização Psicológica

É vítima da literatura romântica e daqui deriva o seu carácter pobre, excêntrico e excessivo. Costumavam chamar-lhe negreira porque o seu pai levara, noutros tempos, cargas de negros para o Brasil, Havana e Nova Orleans. Apaixonou-se por Pedro e casou com ele. Desse casamento nasceram dois filhos.
Mais tarde foge com o napolitano, Tancredo, levando consigo a filha, Maria Eduarda, e abandonando o marido e o filho - Carlos Eduardo.
Leviana e imoral, é, em parte, a culpada de todas as desgraças da família Maia. Fê-lo por amor, não por maldade. Morto Tancredo, num duelo, leva uma vida dissipada e morre quase na miséria.
Deixa um cofre a um conhecido português - o democrata Guimarães - com documentos que poderiam identificar a filha a quem nunca revelou as origens.

Personagens dos Maias

Personagens Centrais:

Afonso da Maia ; Pedro da Maia ; Carlos da Maia ; Maria Eduarda ; Maria Monforte

Personagens Planas e/ou Tipo:

João da Ega ; Eusébiozinho ;  Alencar ; Conde de Gouvarinho ; Sousa Neto

Palma Cavalão ; Dâmaso Salcede ; Steinbroken ; Cohen ; Craft

Condessa de Gouvarinho ; Cruges ; Tancredo ; Sr. Guimarães ; Rufin

Ação Principal e Secundária dos Maias

Acção Principal -  Na intriga principal são retratados os amores incestuosos de Carlos e Maria Eduarda que terminam com a desagregação da família – morte de Afonso da Maia e separação de Carlos e Maria Eduarda.Carlos é protagonista da intriga principal. A acção principal inicia-se quando Carlos vê Maria Eduarda acompanhada por Castro Gomes.
Acção Secundária - A acção secundária envolve substancialmente Pedro da Maia, Maria Monforte, Afonso da Maia e Trancedo. Pedro, após um ano da morte da mãe, cai em amores pela bela Maria Monforte. Namoram- se e casam-se desautorizando Afonso da Maia, na altura opositor ao casamento, chamando Maria de "negreira" e questionando as suas origens e valores morais. 

Situação satíricas que criticam a sociedade actualmente

https://www.youtube.com/watch?v=67-R_MIFq60

quarta-feira, 19 de março de 2014

Título e Subtítulo e o seu respectivo significado

Se o título e o subtítulo já fazem parte da obra deve articular-se com ela e contribuir para um efeito global. Trata-se de dois plurais “Os Maias”e “Episódios da vida romântica”. Representam duas esferas, dois espaços mentais. Já se disse que nelas se conjugam dois climas muito diferentes, o da tragédia e o da comédia lisboeta. Conseguiu Eça de facto conciliares truturalmente essas duas grandes isotopias, por outras palavras o transcendente e o terreno, o insólito e o quotidiano, o romeno e o trivial Eça de Queirós quis contar a história de uma família, “ Os Maias” através de várias gerações. 

O subtítulo indica uma segunda intenção, descrever certo estilo de vida, o romântico, através de episódios, mas admite duas hipóteses, que tais episódios pertencem, à história dos Maias, ou que decorram marginalmente numa sociedade em que a família Maia seinsere, Justifica-se o título “ Os Maias”, na medida em que Carlos, o herói,mais precisamente, o amante e herói aparece integrado numa família.Também se justifica o subtítulo “ Episódios de vida romântica”, porque a personagem oferece-nos múltiplos caso, cenas, atitudes, considera dos típicos dos Romantismos que continua vivaz em 1875/1876. O que não ficou incluído no título nem no subtítulo foi o elemento de coesão queres ide no facto de tanto “ Os Maias” como esses episódios representarem uma personagem coberta, Portugal, a grande personagem latente na obra de Eça, sua obsidente preocupação.