sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Realismo



Na literatura :


O realismo na Literatura manifesta-se na prosa. A poesia da época vive o parnasianismo. O romance-social, psicológico e de tese - é a principal forma de expressão. Deixa de ser apenas distração e torna-se veículo de crítica a instituições, como a Igreja Católica, e à hipocrisia burguesa. A escravidão, os preconceitos raciais e a sexualidade são os principais temas, tratados com linguagem clara e direta.


Na pintura :


A pintura do Realismo começou por manifestar-se no tratamento da paisagem, que se despiu da exaltação e personificação românticas para se ater, simplesmente, na reprodução desapaixonada e neutra, do que se oferece à vista do pintor. Passou, depois, aos temas do quotidiano, que tratou de forma simples e crua.


Na música :

Enquanto a música nos períodos anteriores podia ser identificada por um único estilo, comum a todos os compositores da época, na segunda metade do século XIX ela mostra-se como uma mistura de muitas tendências. A maioria das tendências compartilham uma coisa comum, uma reação contra o estilo romântico.

Geração de 70/ "Conferências Democráticas"/ Vencidos da vida do Casino Lisbonense


As Conferências do Casino foram mais  uma forma de  manifesto de geração, sobre a sociedade portuguesa e uma forma de debater os grandes temas de época.
Estas reuniões tiveram lugar no Casino Lisbonense, no ano de 1871 pelo grupo do Cenáculo, formado, mais ou menos, pelos ex-estudantes de Coimbra que constituem a Geração de 70.

Foi, então, que o grupo de jovens escritores e intelectuais, reunidos em Lisboa após concluírem os seus estudos em Coimbra, tendo sido Antero o grande impulsionador desde os tempos universitários, incentivando os outros membros do grupo em Proudhon.
A ideia destas palestras surgiu numa reunião  do Cenáculo. Antero e Batalha Reis alugaram a sala do Casino Lisbonense, situado no Largo da Abegoaria, actualmente de Rafael Bordalo Pinheiro.

Questão Coimbrã

A chegada dos novos meios de transportes ferroviários, que traziam todos os dias novidades do centro da Europa, influenciou o aparecimento de novas ideologias. Este fenómeno fez despertar Antero e o seu grupo para novas formas de escrever, separando a nova geração dos ultra-românticos.
Essa diferença assentou-se quando o Grande Castilho criticou os poemas de Antero e de Teófilo de Braga, em que ironizava e afirmava que não tinham valor nenhum. Antero, com irreverência e excesso, decide contestar o velho mestre, fez publicar uma carta-aberta  a Castilho "Bom-senso e Bom-gosto", onde, exaltadamente, se insurge contra o desdém de Castilho relativamente à nova geração de poetas. E desencadeou assim  uma polémica literária, que se prolongaria pelo ano de 1866 e levaria mesmo a um duelo à espada entre Antero e Ramalho Ortigão.
A famosa Questão Literária ou Questão de Coimbra, que durante mais de seis meses agitou o nosso pequeno mundo literário, foi o ponto de partida da actual evolução da literatura portuguesa.





Eça de Queirós (biografia e bibliografia)

Biografia : 
Caricatura de Eça de Queirós


José Maria Eça de Queirós nasceu na Póvoa do Varzim em 25 de Novembro de 1845. Curiosamente (e escandalosamente para aquela época), foi registado como filho de José Maria d`Almeida de Teixeira de Queirós e de mãe ilegítima.

O seu nascimento foi fruto de uma relação ilegítima entre D. Carolina Augusta Pereira de Eça e do então delegado da comarca José Maria d`Almeida de Teixeira de Queirós. D. Carolina Augusta fugiu de casa para que a sua criança nascesse afastada do escândalo da ilegitimidade.

O pequeno Eça foi levado para casa de sua madrinha, em Vila do Conde, onde permaneceu até aos quatro anos. Em 1849, os pais do escritor legitimaram a sua situação, contraindo matrimónio. Eça foi então levado para casa dos seus avós paternos, em Aveiro, onde permaneceu até aos dez anos. Só então se juntou aos seus pais, vivendo com eles no Porto, onde efectuou os seus estudos secundários.

Em 1861, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Aqui, juntou-se ao famoso grupo académico da Escola de Coimbra que, em 1865, se insurgiu contra o grupo de escritores de Lisboa, a apelidada Escola do Elogio Mútuo.

Esta revolta dos estudantes de Coimbra é considerada como a semente do realismo em Portugal. No entanto, esta foi encabeçada por Antero de Quental e Teófilo Braga contra António Feliciano de Castilho, pelo que, na Questão Coimbrã, Eça foi apenas um mero observador.
Terminou o curso em 1866 e fixou-se em Lisboa, exercendo simultaneamente advocacia e jornalismo. Dirigiu o Distrito de Évora e participou na Gazeta de Portugal com folhetins dominicais, que seriam, mais tarde, editados em volumes com o título Prosas Bárbaras.

Em 1869 decidiu assistir à inauguração do Canal do Suez. Viajou pela Palestina e daí recolheu variada informação que usou na sua criação literária, nomeadamente nas obras O Egipto e A Relíquia.

Por influência o seu companheiro e amigo universitário, Antero de Quental, entregou-se ao estudo de Proudhon e aderiu ao grupo do Cenáculo. Em 1870, tomou parte activa nas Conferências do Casino (marca definitiva do início do período realista em Portugal) e iniciou, juntamente com Ramalho Ortigão, a publicação dos folhetins As Farpas.

Decidiu entrar para o Serviço Diplomático e foi Administrador do Concelho em Leiria. Foi na cidade do Lis que elaborou O Crime do Padre Amaro. Em 1873 é nomeado Cônsul em Havana, Cuba. Dois anos mais tarde, foi transferido para Inglaterra, onde residiu até 1878. Foi em terras britânicas que iniciou a escrita d` O Primo Basílio e começou a arquitectar Os Maias, O Mandarim e A Relíquia. De Bristol e Newcastle, onde residia, enviou frequentemente correspondência para jornais portugueses e brasileiros. No entanto, a sua longa estadia em Inglaterra encheu-o de melancolia.

Em 1886, casou com D. Maria Emília de Castro, uma senhora fidalga irmã do Conde de Resende. O seu casamento é também sui generis, pois casou aos 40 com uma senhora de 29.

Em 1888 foi com alegria transferido para o consulado de Paris. Publica Os Maias e chega a publicar na imprensa Correspondência de Fradique Mendes e A Ilustre Casa de Ramires.

Nos últimos anos, escreveu para a imprensa periódica, fundando e dirigindo a Revista de Portugal. Sempre que vinha a Portugal, reunia em jantares com o grupo dos Vencidos da Vida, os acérrimos defensores do Realismo que sentiram falhar em todos os seus propósitos.

Morreu em Paris em 1900.

Bibliografia :

  • O Mistério da Estrada de Sintra (1870)
  • O Crime do Padre Amaro (1875); versão definitiva em 1880
  • O Primo Basílio (1878)
  • O Mandarim (1880)
  • A Relíquia (1887)
  • Os Maias (1888)
  • Uma Campanha Alegre (1890-91)
  • A Ilustre Casa de Ramires (1900)
  • A Correspondência de Fradique Mendes (1900)
  • A Cidade e as Serras (1901)
  • Contos (1902)
  • Prosas Bárbaras (1903)
  • Cartas de Inglaterra (1905)
  • Ecos de Paris (1905)
  • Cartas Familiares (1907)
  • Bilhetes de Paris (1907)
  • Notas Contemporâneas (1909)
  • Últimas Páginas (1912)
  • A Capital (1925)
  • O Conde de Abranhos (1925)
  • Alves e C.ª (1925)
  • Correspondência (1925)
  • O Egipto (1926)
  • Cartas Inéditas de Fradique Mendes (1929)
  • Páginas Esquecidas (1929)
  • Eça de Queirós entre os seus - Cartas íntimas (1949)
  • Folhas Soltas (1966)
  • A Tragédia da Rua das Flores (1980)
  • Dicionário de Milagres
  • Lendas de Santos

EDIÇÕES CRÍTICAS:
  • A Capital (1992)
  • O Mandarim (1993)
  • Alves e C.ª (1994)
  • Textos de Imprensa VI (1995)